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Leitura / pesquisa : nutrientes necessários à sobrevivência intelectual.

domingo, 28 de novembro de 2010

Gênero textual : Editorial

A polêmica é o coração mesmo da ciência!
(Jorge Nóvoa)

Não existe ciência exata!
Não existe nenhuma ciência que seja, realmente, neutra e não polêmica. A polissemia da palavra História inclui por definição o sentido da palavra polêmica. Se a história não é uma ciência exata (admitindo que exista uma tal ciência) e se o material sobre o qual ela se debruça é por natureza carregado de “imprecisões” e vulnerável à ação das mais diversas ideologias – sobretudo àquela da ideologia dominante -, como poderíamos imaginar a história com a placidez de opiniões que podem supor, realizar conjeturas, mas com uma neutralidade permanente no seu presente?
Isso não diminui de uma vírgula sequer, o seu caráter científico. Não raro verificamos na nossa profissão que se tem o hábito de dizer que a história é polêmica, às vezes querendo com isso assinalar uma característica que não seria das melhores para uma disciplina que se quer científica. Outras vezes rejeita-se seu caráter científico junto com a sua natureza polêmica, para se construir uma escrita para história bem mais literária, de opinião, mas sem nenhum compromisso com a busca de um abalizamento.
Na verdade, e a depender da problemática em causa, a história é mesmo uma ciência explosiva. Aquilo a que chamamos de sociedade, muitas vezes, não suporta as verdades que a ciência histórica pode revelar. A história da Historiografia prova isso a contento, em todas as épocas e em todas as longitudes/latitudes. Basta lembrarmos as manipulações que muitos documentos da história concreta sofreram. Apagar líderes históricos de fotos, falsificar documentos escritos, são gestos histórico bem conhecidos e que nem sempre a crítica histórica foi e é capaz de detectar, desvelar!
A polêmica sobre os acontecimentos, fenômenos e processos históricos aparece na construção do conhecimento “exatamente” porque aquilo que convencionamos chamar de “consciência” não consegue produzir uma verdade definitiva, absoluta, total, quer porque os eventos são a cristalização de múltiplas determinações, quer porque essas mesmas determinações, causas se manifestam através de inúmeras mediações e ainda porque elas (causa e mediações) muitas vezes não aparecem ao olho nu do cientista social ou o do historiador. Não somente aqueles que são os agentes históricos agem com uma consciência parcial dos processos históricos, como aqueles encarregados de produzir conhecimento, também. Assim, precisamos permanentemente perguntar, não apenas quanta verdade histórica suporta uma dada formação social, como também, quanta verdade histórica é capaz de ver e suportar a comunidade científica. Não raro os artistas enxergam mais, capturam mais “verdades”, e elementos dos complexos processos que necessitamos tanto, ver com “exatidão”. O inconsciente dos processos históricos e as emoções como constitutivas dos saberes, da razão, são dois grandes exemplos.

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